O médico se aproximou com passos firmes, mas o som deles pareceu ecoar como marteladas no peito de Olívia. Cada passo um lembrete da delicadeza frágil da vida, um eco que reverberava nas memórias que ela lutava para suprimir.
O jaleco branco estava impecável, recém-passado, cheirando a desinfetante neutro, mas o rosto dele... ah, o rosto era uma muralha inexpressiva, treinada para manter a calma em momentos que despedaçavam reféns emocionais como ela. Nada de sorrisos forçados, nada de sinais claros de esperança ou desgraça. Apenas aquela neutralidade clínica, aquela máscara profissional que, em instantes como esse, soava como toxidade pura, capaz de envenenar qualquer expectativa.
Olívia sentia o coração disparar, uma dança frenética e dolorosa contra as costelas, cada batida um grito silencioso de pânico reprimido. A respiração se encurtava, tornando-se superficial, como se o ar do quarto hospitalar estivesse saturado de dúvidas e medos não ditos. Sua mente não pensava racionalmente