O corredor parecia suspenso no tempo, como se até o ar estivesse preso na garganta. O nascer do sol pintava os vidros com tons dourados que invadiam o hospital, zombando da noite em claro mergulhada em dor e exaustão.
Olívia estava encolhida na cadeira, os olhos vermelhos, as mãos entrelaçadas tão forte que os nós dos dedos estavam brancos. A cada segundo, o coração dela se apertava, como se pudesse sentir, a quilômetros de distância, cada batida frágil do coração do filho.
Ian retornava ao corredor depois de horas. Ele vinha mais lento, mais pesado, mas no rosto carregava de volta a máscara que aprendera a vestir desde criança. A frieza, a dureza. Só que agora, dentro dele, tudo estava em guerra.
Quando os olhos dela o encontraram, foi como se uma corrente de choque passasse entre eles.
— Onde você estava? — perguntou, a voz baixa, desconfiada, mas carregada de uma doçura que não combinava com a raiva que normalmente sentia por ele. Como se ela quisesse puxá-lo de volta para perto.
I