Ian ficou parado diante do balcão da recepção por longos segundos, o envelope ainda quente em suas mãos, como se queimasse sua pele. Sentia o coração trovejando, mas o rosto permaneceu impassível, a máscara que aprendera a usar desde criança.
Abriu novamente o prontuário, relendo cada palavra como se pudesse encontrar algum erro, uma falha que desmentisse a sentença. Mas estava lá, frio e incontestável: doença grave, progressiva, prognóstico reservado.
Nicolau estava morrendo.
O velho que sempre parecera invencível, aquele que se erguia como uma fortaleza em cada sala, que controlava os destinos da família Moretti como se fosse um rei absoluto, estava desmoronando por dentro.
Ian fechou os olhos, pressionando a ponte do nariz. O peito parecia se fechar, um nó denso subindo pela garganta.
— É por isso… — murmurou, quase inaudível, como se falasse apenas consigo. — É por isso que está com tanta pressa.
E de repente, os fios se conectaram na mente dele.
A insistência do avô em “herdeiros