A noite caía densa quando Clara saiu do hospital. Seus saltos batiam firme no asfalto molhado, cada passo apressado como se quisesse se livrar do cheiro de antisséptico que impregnara sua pele. Pegou o carro e dirigiu sem olhar para trás.
O destino não era a mansão. Nem Benjamin.
Era um hotel discreto, afastado, de fachada simples mas de quartos luxuosos, perfeito para encontros que não podiam existir à luz do dia.
A chuva fina escorria pelas janelas do hotel, iluminadas pelo néon da rua. Clara atravessou o saguão como quem carrega um segredo nos ombros. O salto alto batia no mármore e cada som parecia anunciar: ela não estava onde deveria estar.
O elevador subiu devagar. A respiração dela também.
No terceiro andar, a porta 307 já estava entreaberta.
Ele a esperava.
Alto, ombros largos, olhar de faca. Não usava terno como os Moretti da mansão, estava com a camisa aberta, mangas dobradas, um ar de rebeldia que contrastava com a rigidez do clã. Tinha no rosto traços da família, mas mais