O papel nas mãos do médico parecia pesar toneladas. Aquele silêncio que antecedeu suas palavras se arrastou como uma sentença invisível. Era tão cortante que o som distante de um monitor cardíaco, vindo de outra sala, parecia uma batida de tambor.
— Senhor Moretti… — ele pigarreou, e o olhar percorreu Ian antes de cair no chão, quase como se tivesse medo de pronunciar o veredito. — O senhor é compatível.
As palavras ecoaram como um trovão contido. Caindo como pedras no ar.
Olívia levou a mão à boca, o corpo inteiro estremecendo, arrepiado. Um nó atravessou sua garganta, sufocando-a. O coração batia descompassado, como se lutasse para acompanhar a realidade que se impunha.
Era alívio imediato, alívio porque Léo teria uma chance. Mas junto ao alívio, um arrepio gelado desceu-lhe pela espinha, um calafrio que não tinha nada a ver com o ar condicionado do hospital.
Era como se o destino tivesse escolhido aquele momento para cuspir uma revelação que ninguém poderia evitar.
Benjamin demorou