O ato mecânico de pagar a conta — cartão, tela, assinatura — ocupava menos de cinco por cento da consciência de Matheus. O resto era um radar humano, sintonizado em uma única frequência: Carla. A linha de tensão elétrica que os unia desde que chegara na viagem agora vibrava com a antecipação do que ela iniciara. Ele sentia o eco do toque dela sob a mesa, o tecido rendado como uma segunda pele em seus dedos, um segredo quente que ele queria guardar no bolso do seu casaco para sempre.
Seus passos de volta à mesa eram de um predador confiante, o corpo aquecido por um desejo que era tanto fogo quanto possessão. O sorriso íntimo quase tocou seus lábios ao imaginar o que faria com ela assim que a tivesse de volta na suíte.
Então, o radar disparou.
Um homem. De costas para ele. Parado demais perto da mesa, invadindo o perímetro que Matheus, instintivamente, já demarcara como território sagrado. E Carla… o rosto de Carla por cima do ombro do intruso não era o de minutos antes. A cor sumira, d