O mundo desintegrou-se em câmera lenta.
Olívia viu os lábios de Carolina se moverem, formando palavras que pareciam surgir de um pesadelo submarino.
"Eu vou ter um bebê do Ian."
O som chegou aos seus ouvidos amortecido, distorcido, como se passasse por quilômetros de água. A imagem ao seu lado desfocou: o céu cinza fundiu-se com as lápides, os ciprestes dobraram-se como varetas de incenso. Tudo desapareceu, exceto o rosto de Carolina e o lenço branco que tremulava em sua mão como a bandeira de uma rendição venenosa.
Dentro dela, uma memória antiga rasgou o presente ao meio: Benjamin, anos atrás, na sua sala. O perfume barato de outra mulher em cada cômodo. A mesma expressão de culpa presa na garganta. A sensação foi idêntica. O mesmo vácuo súbito sob os pés, o mesmo gosto de metal e mentira na língua. Só que pior. Infinitamente pior. Porque com Benjamin, ela sempre soubera, no fundo, que ele era fraco. Com Ian… com Ian ela acreditara na fortaleza.
Ian não desfocou. Ele explodiu. A n