A madrugada havia engolido a mansão, mas o silêncio era mais opressivo que qualquer barulho. Olívia vagava pelos corredores como um fantasma, as mãos ainda tremendo, o vestido manchado trocado por um roupão de banho que não conseguia aquecer o frio que vinha de dentro.
Seus pés a levaram até uma porta que ela raramente ultrapassava: o estúdio de Ian. A luz vazava por baixo da porta, um retângulo dourado no escuro do corredor. Ela hesitou. Dentro, sabia, estava o homem que havia testemunhado o mesmo horror que ela. O homem que carregava uma culpa diferente, mas igualmente pesada.
Ela empurrou a porta sem bater.
Ian estava de pé diante da grande janela que dava para os jardins negros, seu perfil cortado contra o vidro. Na mão, um copo de uísque, intocado. No ar, o cheiro de madeira encerada e tensão. Ele se virou lentamente, como se seus movimentos exigissem um esforço imenso. Seus olhos, normalmente tão impenetráveis, estavam devastados. Vermelhos. Humanos de uma forma que ela nunca vi