A madrugada ainda segurava a mansão em suas garras cinzentas quando Olívia acordou com um arranco. Não foi um pesadelo que a tirou do sono, mas uma queimação física na palma da mão, como se o papel que ali estava dobrado houvesse se tornado uma brasa. O pedaço de papel, amassado e escurecido pelo sangue seco de Benjamin, parecia pulsar contra sua pele.
Ian dormia ao seu lado, um sono inquieto, seus músculos ainda tensionados mesmo no repouso. Olívia deslizou para fora da cama, o piso frio de mármore sob seus pés descalços. Ela foi até a janela, onde a primeira luz do amanhecer começava a rasgar o céu.
Com dedos que tremiam não de medo, mas de uma urgência quase mística, ela desdobrou o papel. O sangue havia secado, tornando o papel rígido e quebradiço. A tinta – uma caneta esferográfica barata – havia corrido em alguns lugares, misturada com o vermelho escuro. Benjamin escrevera apressadamente, a letra trêmula e angulada.
Ela inclinou o papel contra a luz crescente. As palavras eram u