O dia anterior ainda ardia na pele de Olívia como uma marca de fogo. O beijo — aquele beijo que desafiava a razão — surgia em flashes vívidos: uma memória quente demais para aceitar, mas impossível de negar.
Enquanto arrumava a cama, dobrando roupas com movimentos automáticos, observando Léo correr pelo corredor naquela manhã ensolarada, ela tentou racionalizar o que acontecera. Mas não havia lógica que explicasse aquela entrega. Não era sobre segurança ou conveniência.
Era visceral.
Ela o beijara porque, por um instante fugaz, reconhecera no rosto dele o mesmo homem perdido que conhecera seis anos antes. O mesmo que a segurara no escuro do carro, desesperado e faminto — não apenas por ela, mas por redenção, por paz, por um porto seguro.
Ela o beijara porque, no tribunal, Ian a defendera publicamente pela primeira vez. Escolhera-a sem hesitação, renunciando a tudo que sempre definira seu valor.
E porque, ao vê-lo sair cabisbaixo e quebrado, reconhecera nele a pior versão de si mesma —