A chave mal girou na fechadura, com aquele som áspero e cansado de metal desgastado, e Olívia já sentia cada músculo do corpo gritar por clemência. O peso do dia parecia ter se infiltrado em seus ossos, uma fadiga que ia além do físico; era o cansaço da alma que há muito tentava se recompor sobre alicerces trincados.
O dia havia sido uma maratona de humilhações silenciosas. Ela percorrera a cidade como uma sombra, de um lado para o outro entre prédios impessoais de escritórios, agências de emprego com ar condicionado gelado e entrevistas improvisadas em mesas de reunião que cheiravam a desinfetante e falsa promessa. Em todos os lugares, os mesmos olhares: primeiro curiosos, depois calculistas, sempre desconfiados. Todos os recrutadores pareciam reconhecer seu rosto, ou talvez apenas o eco do sobrenome que ela carregara, ainda que por poucos dias. Mas isso bastava.
— Ah, a Sra. Olívia... você tem experiência significativa com os Moretti, não é?
A frase vinha sempre acompanhada de um so