Quando Ian saiu do quarto, o corpo pesado como chumbo e a mente um turbilhão de verdades dolorosas que a terapia havia desenterrado, ele encontrou Matheus parado no corredor escuro. Não era sua postura habitual, os ombros estavam ligeiramente curvados, as mãos enfiadas profundamente nos bolsos do casaco, como se tentasse conter sua própria apreensão. A luz suave do abajur no final do corredor pintava sombras angulares em seu rosto, acentuando a seriedade de sua expressão. Seus olhos, normalmente tão pragmáticos, estavam carregados de uma preocupação que transcendia o profissional, era o olhar de um amigo testemunhando o abismo se abrindo sob os pés de alguém que amava.
— Tem algo que você precisa ver, Ian — a voz de Matheus era um sussurro quase reverencial, respeitando não apenas a quietude da mansão adormecida, mas a fragilidade palpável que Ian carregava após a sessão.
Ian esfregou o rosto com as mãos, os dedos pressionando as pálpebras fechadas. A fadiga era uma névoa espessa em s