Ian virou a cabeça, e o mundo desfocou por um instante, reduzindo-se à figura que emergia da penumbra.
Ele sabia que já havia tido demais daquele dia, daquela semana. A última coisa que precisava naquele instante era lidar com mais um novo inferno.
Outro inferno pessoal em sua vida.
Por isso, ele encara a figura em sua frente, completamente petrificado, seus sentimentos mergulhados em confusão e ódio.
Carolina.
Ela estava envolta em uma camisola de seda cor de marfim, que dançava com suas curvas em um balé familiar e obsceno. Seus cabelos loiros caíam soltos sobre os ombros, não desalinhados pelo sono, mas dispostos com uma precisão artística. E seus pés, descalços sobre o tapete persa, pareciam conhecer cada fio, cada padrão. Ela não parecia uma visitante. Parecia a dona do lugar. A herdeira de um trono que ele nunca soube estar em disputa.
— Você está brincando comigo. — A voz de Ian não foi um gritou; foi um aviso saindo das profundezas, um rosnado de um animal cujo território foi