Foram dias de um silêncio ativo, pesado. Dias em que nenhuma mensagem foi digitada e apagada, nenhuma ligação foi atendida após o primeiro toque, nenhum passo foi suficientemente ousado para cruzar o abismo que eles mesmos haviam cavado. E, no entanto, ele estava ali. Ian, de pé no limiar do apartamento de Olívia, parecia carregar o peso de uma década a mais em seus ombros.
— Ele está no quarto — a voz de Olívia saiu plana, controlada, um tom artificialmente neutro que exigia mais energia para manter do que um grito. — Pode ir vê-lo. Sempre pode.
Ele assentiu, um movimento quase imperceptível de sua cabeça, mas seus pés pareciam enraizados no chão. Seus olhos, aqueles olhos que antes a devoravam com intensidade, agora percorriam o ambiente — o sofá desgastado onde ela lia para Léo, a mesa de jantar com uma única cadeira puxada, os desenhos coloridos fixados na geladeira com ímãs de plástico. Era um mundo pequeno, caseiro, e ele era um estranho deslocado em seu centro.
Foi Olívia quem