O sol da manhã dançava através das janelas da casa de Carla, projetando padrões dourados que se moviam lentamente pelo chão de madeira. A luz parecia zombar de seu estado interior; enquanto o mundo exterior brilhava com promessas de um novo dia, ela permanecia presa nos vestígios emocionais da noite anterior.
Ainda vestindo a mesma camiseta larga e com o cabelo preso em um coque desleixado, Carla se movia pela casa como um fantasma em seu próprio espaço.
Quando a campainha tocou, seu primeiro instinto foi ignorar, talvez quem quer que fosse desistisse e a deixasse em sua solidão autoimposta. Mas o som persistente ecoou pelo apartamento, cada toque uma agulha de ansiedade penetrando em sua já frágil compostura.
Ao abrir a porta, o ar pareceu sair de seus pulmões de uma vez só.
Matheus.
Ele estava parado no corredor, não como o segurança profissional que ela conhecia, mas como um homem cuja postura rígida não conseguia completamente esconder a tensão que habitava seus ombros. Suas mãos