Seis anos atrás (continuação)
A chuva engrossara.
Cada gota parecia ecoar o que restava dentro de Olívia: um som oco, cansado, como se o mundo tivesse decidido chorar junto com ela.
Eles saíram do bar cambaleando entre risos nervosos e silêncios pesados. O neon refletia na poça d’água da calçada, tingindo o asfalto com um vermelho febril. Ian segurou o guarda-chuva de qualquer jeito, inclinando-o mais sobre ela do que sobre si.
— Você está tremendo — ele observou, a voz rouca pelo álcool e por algo que ainda não tinha nome.
— Faz frio — ela respondeu.
— É mais do que frio. — O olhar dele a percorreu, como se tentasse decifrá-la. — É vazio.
Olívia soltou uma risada curta, dolorida.
— E o que você sabe sobre isso?
— Tudo. — Ele parou de andar. — O enterro do meu pai foi hoje.
O mundo pareceu parar por um instante depois daquela revelação tão casual.
Olívia encarou aquele estranho, e nos olhos dele viu o mesmo abismo que a consumia. A perda. A decepção. O cansaço.
— E a mulher que devia