o restante daquele dia seguiu cinza, abafado, pesado: como se até o céu soubesse que uma era dos Moretti tinha chegado ao fim.
Ian seguia de pé, desde antes de processar toda a perda. Ainda que tudo dentro dele estivesse desabando, Ian seguia de pé.
A gravata apertava mais do que o costume, o terno preto pesava nos ombros, e o reflexo dele no espelho parecia o de um homem que envelhecera dez anos em vinte e quatro horas.
Não havia tempo para o luto.
A morte de Nicolau Moretti, patriarca e símbolo de poder, se espalhara pelas manchetes com a mesma voracidade de uma epidemia.
“Morre Nicolau Moretti, o titã das indústrias italianas.”
“O império Moretti agora nas mãos de Ian Moretti — o neto controverso.”
“Sucessão em disputa: o futuro incerto de um império abalado por escândalos.”
As manchetes brilhavam nas telas enquanto Ian caminhava pelos corredores da sede principal das Indústrias Moretti, o som de saltos, telefones e murmúrios seguindo-o como um eco constante.
— Senhor Moretti, os r