O silêncio que se instalou depois da pergunta de Ian era pesado o suficiente para ser ouvido. Ele preencheu o quarto, sufocando o calor que, momentos antes, os envolvia.
Ian piscou, lento, tentando processar as palavras que ela soltara no ar como um segredo involuntário. O som distante da chuva contra as janelas voltou a ecoar, um lembrete melancólico de um mundo que continuava lá fora, mesmo que o deles tivesse parado abruptamente.
— Como assim “nunca usar”? — Sua voz já não carregava o tom rouco do desejo, mas um fio de alerta, uma pontada de desconfiança. Seu olhar estava fixo nela, perfurante. — Olívia... o que você quis dizer com isso?
Ela engoliu em seco, desviando os olhos. A pergunta havia escapado sem pensar, um reflexo do medo que habitava seu peito, mas agora pairava entre eles como uma confissão perigosa. Seu coração batia acelerado, um tambor anunciando o segredo que carregava há anos.
— Nada — tentou disfarçar, forçando um sorriso tenso. — Foi só... uma brincadeira.
Ian