Olivia abriu a boca para responder à última pergunta de Nicolau. Mas o som morreu na garganta. Apenas sustentou o olhar dele por um instante a mais do que o confortável.
Até que o estalo de uma porta se abrindo no corredor ao lado cortou aquele momento. Dois passos. Depois mais dois.
Benjamin e Clara surgiram do quarto ao lado, como se tivessem ensaiado a entrada. Ele, com o paletó nos ombros e aquele sorriso enviesado. Ela, com os olhos molhados, a expressão cuidadosamente moldada entre fragilidade e inocência.
O olhar de Nicolau mudou na hora. Da calma letal para um frio que congelava ossos.
Ele não olhou para Olivia de novo. Todo o peso dos olhos dele agora recaía sobre os dois.
— Pode ir. — Nicolau disse para ela, como quem decide o movimento seguinte de uma partida de xadrez.
Ela caminhou pelo corredor em passos firmes, mas por dentro parecia se despedaçar. Contava seus passos, rezando para o seu chão não desmoronar novamente.
Cada metro que se afastava do escritório parecia ali