O quarto estava mergulhado na penumbra dourada do entardecer, cada objeto projetando sombras longas e distorcidas que pareciam sussurrar segredos antigos. A luz suave que filtrada pelas cortinas pesadas banhava o rosto de Ian em tons âmbar, destacando as linhas de dor e exaustão que mesmo o sono não conseguia apagar. Seu peito subia e descia com um ritmo irregular, como se cada respiração exigisse um esforço consciente, um lembrete silencioso de que até o ato mais básico de existir havia se tornado uma batalha.
Olívia observava-o da poltrona no canto do quarto, suas mãos entrelaçadas no colo, os dedos ainda tremendo levemente da confissão que finalmente fizera. Há horas que permanecia ali, presa não por obrigação, mas por uma necessidade quase visceral de testemunhar sua vulnerabilidade. Havia uma estranha beleza em vê-lo assim; despojado das armaduras de poder e controle que sempre o definiram perante o mundo. Era como observar o núcleo cru de um homem que sempre se apresentara como