Helena
O cativeiro tinha cheiro de mofo, e a luz fluorescente piscando no teto fazia o tempo parecer em câmera lenta. As cordas machucavam meus pulsos e o pano sujo em volta da boca impedia qualquer grito mais forte. A barriga começava a pesar. Não fisicamente. Psicologicamente.
Eu estava com medo. Por mim. Pelo bebê.
Mel caminhava de um lado pro outro, os saltos estalando no chão como chicotes. Ela murmurava palavras desconexas. Falava de amor, de destino, de como Dante e ela estavam ligados por algo que eu jamais entenderia.
— Você não faz ideia do que é amar alguém tanto a ponto de destruir tudo — ela disse, ajoelhando-se na minha frente. — Eu tentei ser boazinha. Mas você apareceu e estragou tudo. Agora… agora ele vai ver.
Arthur estava atrás dela, nervoso. Suado. O revólver trêmulo nas mãos.
— Isso tá indo longe demais, Mel. Não era pra ser assim. Só queríamos que ela fosse embora. Só… só pra ela sumir da vida dele, entende?
— Cala a boca, Arthur! — ela gritou. — Você queria ela!