Angelina Da Costa
Desci do carro. O coração disparado, a boca ainda quente, o gosto de Saulo nela. Um gosto forte, possessivo, cheio de promessas. Mas também de perigo.
Havia um fogo no meu peito, uma chama recém-acesa que eu não sabia se deveria apagar ou alimentar. Eu tinha sido pedida em namoro. Aquilo soava como um alerta, um choque. Um soco no meio do estômago de alguém que passou a vida inteira controlando tudo.
Era como lutar contra o sentimento de gostar... mesmo já gostando.
Era querer dizer ao corpo: “não”, quando tudo em mim já dizia “sim”. Era querer ser racional, madura, equilibrada, como se esses títulos tivessem algum valor quando a pele arde.
Quando o desejo molha a calcinha. Quando a respiração fica curta só de lembrar da língua dele na minha.
Mas com Saulo… não era só isso.
Era diferente.
Eu lutava com o corpo, que queria ir além, provar, possuir, se deixar possuir. Enquanto minha mente gritava: ele é jovem demais. Você já viveu isso. Você sabe onde termina. Sempre