Eu queria estar mais presente.
Mais presente para os meus filhos, para a Angelina, para esse bebê que mal começava a existir.
Mas estar mais presente em um lugar sempre significava ausência em outro, e eu não tinha como multiplicar minhas horas. Ser um juiz exigia um preço. Ainda assim, eu reduzi o que pude: levava os meninos à escola pela manhã, buscava alguns instantes à tarde, algumas noites... e agora, tentava ser também presente para o filho que crescia no ventre dela.
Nada se igualava à sensação de imaginar minha mão pousando em sua barriga, sentindo a vida ali dentro. E, no entanto, Angelina recuava. Se encolhia. Como se cada aproximação minha fosse uma ameaça.
O alarme do celular vibrou no bolso, me lembrando que era hora de buscar os garotos. Um deles viria correndo, sorrindo ao me ver. O outro entraria no carro em silêncio, e assim permaneceria até estarmos em casa. Duas formas de amor, igualmente pesadas para mim.
Foi quando ouvi a voz. Eu reconheceria aquela voz a mil metr