Angelina Ribeiro
Senti as mãos embaixo de mim, fortes, firmes, me movendo sem pedir permissão. Meu corpo reagiu antes da minha mente entender, e agarrei o banco do carro, o tecido da porta, qualquer coisa que pudesse me segurar.
- Saulo... - murmurei assustada, quase sem voz, ao perceber que ele me erguia nos braços.
A rua, a porta de casa, tudo girava numa velocidade diferente. Os pés dos meus filhos desciam correndo do carro, Carla os recebia com aquele jeito solícito, mas eu só conseguia pensar no constrangimento de estar ali, sendo carregada, exposta.
- Pare, eu posso andar. - pedi, em vão. Ele ignorou como se minhas palavras não tivessem peso, atravessou a sala e me deitou no sofá, contra os meus protestos.
- Por que me deixou dormir? - resmunguei, tentando soar firme, mas minha voz saiu fraca. - Como foi na escola com os meninos?
Ele já estava soltando o paletó, casual, como se aquele gesto fosse natural demais. Atlas veio primeiro, se aproximou com o olhar preocupado, me dando