Angelina Ribeiro
- O Diogo é um homem bom, Júlia. Parceiro, atencioso, cuidadoso... - tentei argumentar, com voz serena, quase como um apelo.
- O Luiz também é, mãe. - Ela rebateu rápido, os olhos semicerrados. - É uma ótima pessoa.
- Mas não é apenas essa a questão, minha filha. - Me inclinei para frente, tentando alcançar seu coração. - Se pergunte de quem você não abriria mão. Por quem sofreria se perdesse. Porque, se houvesse dentro de você um pouco de respeito e temor de perder o seu noivo, você nem sequer olharia para outro... fosse na presença ou na ausência dele.
Júlia, sentada no sofá, revirou os olhos como quem se protege de ouvir o que não quer. Suspirei. Sentia que insistir era como falar para o vazio.
Abri a bolsa à procura do celular, inquieta. Os anos tinham nos afastado, não só em presença, mas em caráter.
- Eu não consigo viver sem mim mesma, mãe. - Ela disparou, firme, quase em desafio. - Não sou como a senhora, que se submeteu ao Raul. Eu nunca faria isso comigo.
Ro