Angelina Ribeiro
Eu não sabia ao certo o que queria: que ele percebesse, após dizer que se divorciaria de Francesca, ou se continuaria cego.
Saulo me olhava perdido.
- Por que isso, mulher? - perguntou, tentando me segurar pela cintura.
Afastei-me, caminhei até a porta e a abri para que ele simplesmente passasse.
A confusão dentro de mim era estranha, ambígua: parte de mim queria que ele nos escolhesse, mas a outra parte não estava pronta para abrir mão da minha profissão. Ser mulher dele significava sacrificar esse sonho. Saulo passou pela porta, chateado, o olhar pesado sobre mim.
Segui a tarde num misto de desejo e incerteza. Já estava de saída quando o celular tocou. No visor, o nome *Ana Júlia*. Mas, antes de atender, ao chegar no corredor, vi Bea recebendo um florista. Nas mãos dele, um buquê de rosas vermelhas, enorme e deslumbrante.
Não que fosse raro ganhar flores. Diogo sempre foi atencioso: aniversários, datas especiais, conquistas... mas sempre em tons discretos - brancas,