Angelina Da Costa
O dia mal tinha começado e eu já estava correndo.
O elevador estava lotado.
Saulo, com uma pilha de pastas no colo, falava comigo enquanto eu fingia ignorar os olhares ao redor.
As pessoas pareciam saber. Ou desconfiar. Ou talvez fosse tudo coisa da minha cabeça. Já nem sabia mais.
Subimos juntos, lado a lado, e ele ainda teve coragem de perguntar sobre a consulta, que horas seria, e se eu finalmente ia apresentá-lo como meu namorado.
Maldita Camila.
Xinguei mentalmente a minha amiga por ter me incentivado a marcar aquilo. Eu nem queria ir. E, pra ser sincera, nem podia.
Depois das compras do mês, da mensalidade da faculdade da Ana Júlia, das contas de casa... o que sobrou foi quase nada. E uma consulta com a sexóloga custa trezentos reais.
Como é que eu ia dizer a ele que estou sem dinheiro? Como?
Assim que as portas do elevador se abriram, vi dona Helena receosa sentada num dos bancos do corredor.
E, pra piorar, Francesca já estava na sala, dava pra ouvir o ba