Angelina Garcia
Era mais uma semana cheia, o doutor Saulo estava de mau humor com tudo e todos. A energia no escritório oscilava entre a tensão e o silêncio, como uma tempestade prestes a desabar a qualquer segundo.
Tatiana ligou várias vezes ao longo da tarde, todas para o telefone do escritório.
Em cada uma delas, fui eu quem atendeu. Sua voz era ansiosa, às vezes embargada, sempre implorando por uma chance de ser ouvida. Ela pedia, quase suplicava, que ele atendesse o celular.
Eu repassava o recado com paciência, embora por dentro algo em mim se contorcesse, e ele... simplesmente ignorava.
Aquilo me dava uma pena amarga. Uma sensação densa e incômoda, daquelas que a gente não quer nomear, porque teme o que vai descobrir se encarar de frente.
Era início da manhã quando ela apareceu no escritório. Bonita num vestido vermelho bem decotado, desenhando seu corpo, cabelos compridos soltos, escovados, maquiada, exalando perfume doce frutal, arrumada para uma festa, mas os olhos cansado