Saulo Prado
Meu fetiche por Angelina Garcia só piorava.
Era silencioso, doentio, constante.
Ela me seguia.
Nos corredores, nas madrugadas, nos sonhos.
No som contido dos seus saltos milimétricos sobre o piso do escritório.
Na maneira como cruzava as pernas com a naturalidade de quem nasceu no controle.
E, porra…
Aquilo me deixava em frangalhos.
Ela era um tipo raro de mulher. Inteligente de um jeito que me fazia ouvir mais do que falar.
E o pior: sabia disso. Sabia o que causava, mesmo quando fingia não saber.
A forma como mexia no brinco enquanto lia…
O jeito como ajeitava os óculos na ponta do nariz, como se nada ali fosse sobre sedução — mas era. Tudo era.
Ela era.
Eu tentava me convencer, juro.
Tentava repetir que ela podia ser como uma tia.
Uma colega. Uma parceira de trabalho.
Mas o meu pau sabia a verdade.
Ele não queria só vê-la de saia lápis. Queria estar dentro dela. Molhado. Excitado. Sufocado em tudo que ela é.
"Porra, Saulo… e o profissionalismo?"
Profissionalismo é um fi