Angelina Da Costa
Cheguei em casa sentindo o peso de um dia que ainda nem tinha começado. A ansiedade mastigava meus pensamentos, os ombros duros, a respiração curta. Deixei a bolsa na mesa e fui direto para a escrivaninha, onde estavam todos os documentos do caso da dona Helena.
Espalhei tudo de novo, conferindo relatórios, depoimentos, contratos, comprovantes... tudo o que tínhamos enviado ao fórum. Agora, dependia do olhar da promotoria e da defesa do banco. Eu só podia esperar o pior e me preparar para o melhor.
Ana Júlia passou pela sala e disse alguma coisa que eu nem ouvi.
- Mãe? - insistiu, me cutucando no ombro. - Você tá me ouvindo?
- Depois, filha... agora não, por favor - pedi, a voz baixa, concentrada no contrato com cláusulas abusivas grifadas em amarelo.
- Por que você tá tão nervosa assim? É só mais um caso?
Pensei em dizer a verdade. Por um instante, pensei mesmo.
Olhei nos olhos da minha filha e vi tanta curiosidade ali, tanta vontade de entender o mundo adulto que