Angelina Da Costa
Eu não compreendia Saulo, ali de pé, querendo manter Ana Júlia naquele escritório. Talvez nem Rafael compreendesse. Ou talvez compreendesse até demais, pelo sorriso cínico que insistia em carregar nos lábios, desviando o olhar de tempos em tempos entre minha filha e aquele homem que parecia cada vez mais... íntimo da nossa rotina.
Saulo perguntava demais. E não era só sobre estética ou saúde ainda que ele tentasse disfarçar, puxando assunto sobre estratégias de mercado, como se estivesse sinceramente interessado no meu trabalho. Mas não era sobre isso. Era sobre nós. Sobre mim. Sobre Ana Júlia.
Estética e saúde podem até caminhar juntas. Ambas vendem bem. Ambas exigem controle, atenção aos detalhes, presença. Mas nenhuma das duas prepara a gente para o tipo de exposição que eu sentia naquela hora, com Saulo me olhando como se já soubesse onde queria chegar.
Ana Júlia sorria de canto a canto, e cada vez que o riso ameaçava escapar por inteiro, ela tentava se esconde