Saulo Prado
Eu já estava entregue.
Inerte, e ainda assim faminto. Capaz de qualquer coisa. Saímos do mercado e, por mais que eu tentasse pensar em algo racional, eu não queria deixá-la em casa.
Não queria largar dela.
Quando Angelina finalmente decidiu falar, eu já sabia que ouviria o que não queria.
— Isso é só desejo, doutor… Sossegue. Deixa isso pra mim, que nunca vivi essas coisas — disse ela, como quem quer controlar o próprio incêndio.
Passei a língua no lábio inferior, aproveitando a rua calma, desliguei o carro.
— Mais uma vez. Se for só desejo… eu vou saber. — Me aproximei, minha proposta implícita no tom.
Mas ela negou sem pensar. Rápido demais. Doloroso demais.
— Ninguém vai saber. Eu prometo — tentei. Deslizei a mão pela coxa nua, e ela não recuou. Me deixava entrar, mesmo enquanto se fechava.
— Só uma. — implorei. E ali estava eu, me humilhando por uma transa. Por uma mulher madura. Por ela.
Comecei beijando seu ombro, indo em direção ao pescoço. O perfume, a pele quen