Saulo Prado
Eu não conseguia parar.
Desde o momento em que assisti ao vídeo, aquele vídeo maldito, em que Angelina, minha mãe e meus filhos eram levados como gado, algo dentro de mim rachou. Era como se tivessem arrancado meu coração com as mãos. As rosas que eu havia comprado ainda estavam jogadas no banco do carro, um detalhe quase cruel, um lembrete irônico do que eu tinha perdido. Os vizinhos me olhavam pela janela quando pedi ajuda, mas eu já não via rostos, só vultos. Eles levaram tudo que eu tenho. Sem eles, eu era vazio.
Falei com Diogo.
Foi rápido, quase um grito engolido no telefone. Ele não hesitou. Moveu céus e terras, acionou a polícia do estado, convocou gente que eu nem sabia que ainda me devia favores. Não houve desculpas, não houve "não posso". Ele sabia. Todos sabiam. O dia inteiro virou uma busca sem fôlego. Cada rosto dos agentes, cada olhar trocado entre eles, refletia o que eu era: um homem que não ia sossegar.
Cada minuto longe deles é um golpe no peito. Cada