Ele nos salvou

Angelina Ribeiro

O riso de Otávio era um som seco, velho, corroendo meus nervos como um prego cravado no osso. Cada nota parecia arrastar comigo anos de medo e submissão, lembranças que eu jurava ter enterrado, mas que agora se levantavam, monstruosas, diante de mim. Frantesca estava ali, imóvel, com olhos vidrados de ódio, mas havia mais - havia posse doentia, como se a raiva fosse dela, mas a recompensa fosse um espetáculo, a minha humilhação o prêmio que ela queria ver se concretizar.

- Eles não têm culpa de serem filhos de quem são. - Cuspi cada palavra, sentindo o gosto amargo subir à garganta, queimando minha língua, arrancando de mim o pouco de calma que ainda restava. - Eu não vou permitir que vocês usem meus filhos como moeda. Me punam, punam a quem lhes devem, mas eles são inocentes!

Otávio levantou a cabeça com lentidão calculada. Seus olhos azuis afundados me perfuraram como lâminas, e a cadeira de rodas rangeu com seu movimento. A voz saiu firme, seca, cada palavra moldad
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