Saulo Prado
A semana passou como um borrão de papéis, depoimentos e suor. Reuniões se amontoavam, processos pipocavam em cima da mesa e minha cabeça era uma máquina que não desligava nem durante o banho. Foram três audiências canceladas, uma remarcada de última hora, além de conversas desgastantes com testemunhas contraditórias e clientes desesperados. E no meio de tudo isso… Angelina.
Angelina com sua calma quase cruel, com aquele andar leve pelo escritório enquanto o mundo desabava dentro da minha pasta. Entre um embate jurídico e outro, a gente se pegava feito dois viciados. Sem intervalo. Sem pausa na copa, na sala e até na sala reserva.
Na quarta-feira, comemos no restaurante do fórum, comida ruim, a conversa pior com a maldita advogada Francesca. O dia ia ruim, exceto pelos momentos de adrenalina, o alívio era esta na sua companhia, saiamos do restaurante, quando ela me puxou pelo braço e me levou até o estacionamento vazio para pegar uma pasta. Foi encostada no meu carro, com