Desnorteado

Saulo Prado

A manhã estava fresca, mas dentro de mim tudo parecia abafado. Depois de uma noite inteira refletindo, sobre mim, sobre Angelina, sobre os meninos, sobre a minha própria incapacidade de colocar a vida nos trilhos, finalmente fui até a casa dela.

Mal cheguei, percebi que alguma coisa não estava no lugar. Minha mãe estava na sala, discreta como sempre, mas havia tristeza no jeito como ela me olhava. Um silêncio que pesava mais do que qualquer sermão.

Angelina apareceu logo depois. Calça pantalona vermelha, blusa branca que marcava a pele clara, o colar discreto, os cabelos presos num coque elegante. Estava maquiada, diferente do usual, como se tivesse se arrumado demais para uma manhã comum. Falava com os meninos, com aquela firmeza que só ela tinha.

Fiquei imóvel por um instante. Era inevitável o choque de olhares entre nós - rápido, intenso, como se um puxasse o outro sem querer.

- Papai! - Atlas gritou, correndo na minha direção antes que eu pudesse sustentar o olhar de A
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