Angelina Ribeiro
Contei os minutos, depois os segundos, como se o tempo pudesse decidir por mim. O teste em minhas mãos parecia pesar mais do que qualquer decisão que eu já tivera que tomar. Olhei para aquela única linha, tentando convencê-la de que era apenas um erro, um reflexo. Mas então, quase imperceptível, outra linha começou a aparecer. Meu coração acelerou, uma mistura de choque e medo percorrendo cada fibra do meu corpo.
A segunda linha ficou definitiva, e foi como se o mundo tivesse parado por um instante. Tremi. Meus joelhos fraquejaram, e sentei-me na beirada da cama, segurando o teste como se fosse um pedaço de vidro prestes a cortar minha vida ao meio. As lágrimas vieram sem aviso, deslizando quentes pelo meu rosto, molhando o cabelo que caía desalinhado pelos ombros.
Não sabia o que fazer. Estava sozinha, e ao mesmo tempo, aterrorizada. Uma vida crescendo dentro de mim. Um futuro que eu não havia planejado. Um nome, um rosto que ainda nem existia, mas que já me aprision