Mundo ficciónIniciar sesiónKylie Bellerose sempre teve uma vida perfeita. Ela era rica, filha de um dos empresários mais prestigiados da cidade e também era noiva de Luke Legrand, o rapaz que foi destinado a ela desde que nasceu. Pelo menos foi o que ela pensou. Mas se viu completamente enganada em um dia que era para ser o melhor dia de sua vida. E que ainda assim a levou diretamente para aquele que seria seu verdadeiro amor. Ela não sabia, mas aquele que apareceu no momento em que mais precisou era seu companheiro de alma. Nicholas Cavendish estava e sempre estaria ligado a ela como seu Unmei Akai Ito.
Leer másAquele era seu dia de princesa; o dia mais lindo e importante de sua vida. Esperou seis meses para que finalmente chegasse aquele dia tão especial. Sentiu-se nervosa e extremamente ansiosa; deixou toda a sua família enlouquecida por causa de cada um dos detalhes que deveriam ser feitos para aquele dia; tinha de ser tudo perfeito. E não era por ser uma mulher mimada, muito pelo contrário; só gostaria que fosse um dia lindo como sempre sonhou.,
Naquele momento sentia-se a mulher mais feliz do mundo. Sentia-se linda. Aquele vestido escolhido por ela era perfeito. Digno de Kylie Bellerose. A filha do arquiteto mais conhecido do país. Sempre havia sido tratada como uma princesa; tinha de tudo; era rica e chamava a atenção de todos por sua beleza estonteante. Realmente se achava linda, mas não entendia o porquê de todos os homens desejá-la tanto.
Desde mais nova, era elogiada. Desejada. Seus colegas estavam sempre dizendo que o mais belo dela era o coração genuíno. E ela tentava acreditar nisso, mas quando havia tantos os que estavam sempre querendo algo dela, estava sempre se perguntando se ela realmente era mais que apenas beleza. Levou um tempo e terapia para que acreditasse em si mesma, e o homem que amava a ajudou muito nisso. A apoiou. A fez se sentir especial.
Por ser filha de quem era, por onde andava, havia alguém para protegê-la. Se incomodava no começo, mas passou a se acostumar com os passar dos anos. Os rapazes eram legais e não a tratavam como uma mimada como a grande maioria das pessoas que conheceu. Na faculdade era uma tormenta; não achavam que era capaz de ser médica e que só havia entrado na melhor faculdade do país por conta de seu nome. E isso a irritava de certa forma.
Desde então, passou a ser a melhor em tudo. Passou a mostrar a todos do que era capaz; que não era uma garotinha mimada e que não era por ser filha de quem era que não havia chegado até onde chegou com seus próprios méritos. Para isso, começou a trabalhar na empresa da família, se negou a continuar recebendo a mesada de seu pai e começou a ser vista como Kylie Bellerose. Finalmente, eles não a viam apenas como a filha de Sebastian Bellerose.
Fitou-se novamente naquele enorme espelho, observando cada detalhe de seu lindo vestido de princesa. Sempre havia sonhado com um vestido bufante e com pedrarias na parte de cima rumo ao busto; ele era tomara-que-caia e suas costas estavam um pouco nuas. Era perfeito para ela.
Em poucas horas seria a senhora Legrand.
Luke Legrand era seu melhor amigo. Se conheciam desde a juventude; se apaixonaram, namoraram, noivaram e agora se casariam. Ele havia estado nos melhores e nos piores momentos de sua vida; havia se tornado indispensável.
Seu pai sempre os apoiou. Dizia que eles eram feitos um para o outro, que um dia os veriam se casar; e ele não estava errado. Nunca esteve. Kylie se sentia feliz pelo apoio de ambos seus amados pais. E mais ainda por seu pai não ter aquele ciúme bobo — mas compreensível — por ela ser sua única garotinha.
Claro que houve o momento de emoção do mais velho, o momento de abraçá-la e dizer o quanto estava orgulhoso dela, escutando também algumas palavras de sua mãe, que lhe aconselhava e dizia que ela seria a mulher mais feliz do mundo. E ela já se sentia a mulher mais feliz do mundo. Luke a fazia sentir-se realizada todos os dias. Ele era carinhoso, gentil, era um amigo incrível, um namorado perfeito. Se lembrava de cada data do relacionamento deles, fazendo uma comemoração em cada um deles, nunca se esquecia de lhe fazer uma surpresa de aniversário e estava sempre a mimando.
Nunca se imaginou com qualquer outro senão ele.
Uma de suas amigas dizia que era loucura se casar sem aproveitar a vida antes. Que deveria antes conhecer o mundo. Conhecer a si mesma. Compreendia suas palavras e sabia que não era um julgamento, apenas um conselho, mas não conseguia viver uma vida daquela. Não conseguia mais imaginar sua vida sem Luke. E por isso aquele era o dia mais importante de sua vida.
Os minutos em frente ao espelho passaram a ser horas; e daí ela começou a ficar apreensiva. Andava de um lado para o outro ainda que soubesse que deveria se aquietar e não pensar no pior. Mas foi impossível; seu pai não aparecia, nem sua mãe ou suas amigas, incluindo sua prima amada.
Por que demoravam tanto?
Por que o pai ainda não havia aparecido para buscá-la?
Por que ninguém aparecia para pelo menos explicar o porquê daquela demora irritante?
Se jogou contra o sofá, tocando a saia bufante, não conseguindo controlar o incomodo que sentia em seu peito.
Ela não era daquelas noivas que se atrasaria no dia de seu casamento; para ela não fazia sentido se atrasar ou mesmo achava elegante fazer os convidados esperarem. E ela havia avisado. Todos os que amava estava sabendo sobre, então por que...
A porta se abriu em meios aos pensamentos conflitantes da mulher de longos cabelos loiros e olhos verdes como a pedra esmeralda
— Sarah! – Se levantou do sofá — no qual havia acabado de se sentar — em um rompante. – Finalmente. O que está acontecendo? Por que meu pai ainda não apareceu?
— Você está linda, amiga.
— Obrigada. – Agradeceu, percebendo finalmente que Sarah Bennet parecia muito preocupada.
— Eu... não sei como dizer isso. – Suspirou. – Eu queria poder dizer que está tudo bem, mas...
Kylie tremeu.
— Aconteceu algo com meu pai?
— Não, ele está bem.
A loira engoliu em seco.
— Com... Luke?
Levou tempo demais para uma negação e por isso Kylie se desesperou.
— O que houve com ele?
Mais um momento de silêncio, mas foi a loira de olhos azuis quem o quebrou após um longo e penoso suspiro.
— Ele não chegou.
A outra loira abriu a boca, mas nenhum som saiu dela.
— Ninguém consegue falar com ele, e não o encontraram com os pais.
Kylie esperava escutar tudo, menos que seu noivo estava desaparecido. Era demais para ela. No dia mais importante para os dois ele sumia? Não fazia sentido. Ele não ficaria sem dar notícias, não sumiria daquela forma.
Algo havia acontecido!
E foi pensando nisso que ela pegou na saia do vestido, subindo o bastante para que não fosse atrapalhada de correr em direção ao seu carro. Sim, iria atrás dele. Dirigiria mesmo com aquele vestido bufante. Ela precisava encontrá-lo e ter a certeza de que ele estava bem.
E o primeiro lugar que pensou foi em sua cobertura. O lugar onde ele morava desde os dezoito anos. E enquanto seguia para fora daquele quarto, podia escutar sua amiga gritando por ela.
Não a esperaria.
Não podia.
Passou por algumas pessoas que cochichavam algo sobre Luke ter desistido.
Não, ele não faria isso.
Ela não acreditaria naquilo.
— Eu vi, Stella.
— Ele não faria isso com ela.
— Mas fez. – Retrucou, firme. – Ele ainda deve estar com ela.
Ela? Ela quem?
Seus olhos se encontraram com os perolados de sua prima, mas não parou, apenas continuou seguindo para seu destino.
“Luke não faria isso comigo. Justin estava enganado.”
Ela não conseguia parar de dizer a si mesma. Repetindo e repetindo, como se fosse um mantra.
TRÊS ANOS DEPOIS — Serenety! A moreninha soltou uma gargalhada, se escondendo atrás da cortina. — Scarllet! — Shi. – Pediu à irmãzinha, levando o dedo indicador a boca, e a loirinha riu baixinho. — Onde é que estão aquelas pestinhas? Ambas as garotinhas de três e dois anos levaram a mãozinha a boca, soltando uma risada baixa, se divertindo com a brincadeira. — E agora? O que eu faço? Eu perdi minhas irmãzinhas. Asher colocou as mãos na cintura. — Isso não é bom, não. Fingiu não perceber quatro pezinhos debaixo da cortina. — É uma pena elas terem sumido. – Fingiu um suspiro. – Ah, mas ao menos eu vou comer chocolate sozinho. — Estamos aqui, irmão. Asher riu, vendo ambas aparecerem rapidamente em seu campo de visão. — Eu quero chocolate. – Serenety diz. — Só se a Scarllet me disser onde está o gatinho. A menina fez um biquinho. — Vamos, Let, você sabe que o papai e a mamãe não podem com gatos. — Ele é fofinho. Asher se abaixou na altura de sua única irmã
DOIS ANOS DEPOIS Kylie olhava para aquele bebê lindo em seus braços pensando em como seria se ele fosse seu. Ela tinha aqueles sentimentos toda vez que uma de suas amigas ficava grávida, o que aconteceu três vezes naquele ano. Uma amiga de cada vez. Primeiro Melody, que teve um garotinho, depois Lori, que teve gêmeos de novo, e agora Sarah, que tinha tido um garotinho lindo e ruivo. O menino era a cara do pai. Como as irmãs. Era impossível não o reconhecer mesmo que ele tivesse acabado de nascer. Tinha os olhos de Ethan também. E se chamava Nathan. Era o milagre de sua melhor amiga, que tinha perdido um filho três anos atrás, meses depois de voltar de sua lua-de-mel. Nicholas havia dito de brincadeira, mas a verdade era que a loira estava mesmo grávida. Mas perdeu após a volta endiabrada de Maya, que provocou um acidente de carro. Foi o momento mais angustiante de sua vida, porque achou que ia perder sua irmã de alma. Ela ficou em coma e por pouco não faleceu junto de seu bebê, e qua
MESES DEPOIS Kylie jamais imaginou encontrar a cozinha naquela bagunça. Sua cozinha. Tinha pós marrom por todo lado. Pelo cheiro, ela imaginou que fosse massa de bolo. Era o que parecia. Não chegou a tocar e levar aos lábios, nem conseguiu reagir quando entrou na cozinha primeiro que seu marido, o culpado de ela ter se atrasado para fazer o lanche para suas crianças famintas. Ela sempre tentava resistir a ele, mas era difícil, principalmente quando ele entrava no banho com ela. Não que dessa vez tivesse chamado ele. Ela já estava de banho tomado, apenas enxaguando os cabelos quando ele entrou e a abraçou por trás. O começo de tudo. Então sim, ele era o culpado de seus filhos estarem no meio daquela bagunça na cozinha. Todos os quatro. Se a massa fosse branca, eles pareceriam fantasmas, porque tinha massa no corpo deles inteiro. Nicholas chamou a esposa, mas não conseguiu terminar de concluir ao ver o mesmo que ela. Estava tão chocado quanto ela. Talvez até mais. Não podia acreditar
Era cedo, bem cedo quando o Cavendish despertou, já energizado. Sim, porque já fazia quase uma semana que Alice se recuperava de uma virose, Asher de uma reação alérgica, que ele, o pai, só descobriu agora porque o menino pela primeira vez experimentou frutos do mar, e Micah e Jonah de uma dengue. Sim, dengue. Descobriram depois de três dias inteirinhos vendo os meninos com sintomas estranhos e preocupantes. E por isso por todos aqueles dias ficou tão cansado. Exausto. Não pisou para fora de casa a não ser para levá-los ao médico e comprar medicamento, e ainda assim foram os dias mais cansativos que ele já teve na vida. Ele não se lembrava de ver seus filhos adoecendo tudo ao mesmo tempo antes. Era preocupante, exaustivo e definitivamente fazia um pai e uma mãe querer nunca mais passar por algo parecido novamente. Primeiro porque era doloroso ver seus filhos sofrendo e segundo porque não era “de Deus” ter que cuidar de quatro crianças doentes tudo de uma vez, mesmo que tivesse tido aj
— Eu sei que você está acostumada com o frio, mas coloca essa touca direito. – Pediu à sua garota, arrumando a toca avermelhada na cabeça dela. – Vai acabar pegando um resfriado. No mínimo. Kylie sorriu antes de beijar os lábios dele rapidamente. — Você fica tão fofo quando está todo preocupado comigo. — Às vezes acho que faz isso só para me ver me preocupar com você. — Você pensa assim da sua esposa? – Deu uma risada. – Se bem que... não seria uma má ideia, né? – Arregalou os olhos de repente. – Olha, Nik, nós chegamos. A confeitaria tem coisas tão gostosas. — Você está mais interessada nas bebidas quentes, não é mesmo? — Você não? Ele soltou uma risada, seguindo-a até uma mesa. — A Sarah disse que eu devia experimentar as massas. — Vamos pegar uma porção de cada. — E chocolate quente. — Eu prefiro o cappuccino. Sabe que evito chocolates. — Você está perdendo as melhores maravilhas do mundo. Nicholas riu. — Não tem coisa melhor que chocolate. — Claro que tem,
Kylie tinha os olhos sobre si diante do espelho. O grande espelho que havia no quarto de luxo daquele hotel maravilhoso de Bariloche. Era época de muito frio. Inverno. Mesmo assim era maravilhoso. Já tinha estado ali uma vez. Uma única vez. Aos quinze anos, como presente de aniversário. Tinha sido incrível, mas não tão incrível como vinha sendo aqueles dias ao lado de seu marido. Ele tinha levado café-da-manhã na cama, a ensinado a esquiar, o que foi uma negação, pois não soube quantas vezes levou tombos, o que de certa forma a lembrava do dia em que teve seu primeiro encontro com ele. Se amaram muito naqueles cinco dias que se passaram. Mas só havia uma coisa que a preocupava, e só porque havia recebido a ligação de sua médica logo em um momento tão especial. Infelizmente, com toda a dor de seu ser, ela teria dificuldade para engravidar. Luke estava certo quando comentou dias antes de se casar. Ele não estava provocando ou querendo magoá-la, ele estava dizendo a verdade, mas só ela n










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