A casa estava em silêncio.
Lucas já dormia, o relógio da sala marcava quase meia-noite.
Helena permanecia sentada à mesa da cozinha, com um caderno aberto e uma caneta entre os dedos.
Lá fora, o vento soprava constante, e o barulho da chuva leve contra o vidro dava à noite um ar de refúgio.
Há dias, ela sentia uma inquietação crescendo dentro de si.
Desde a conversa com Marta, algo havia se movido — um fio de coragem ou de saudade, talvez os dois.
E naquela noite, sozinha, decidiu dar forma às palavras que vinham insistindo em aparecer em seus pensamentos.
Respirou fundo, e começou a escrever.
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“Adriano,
Eu prometi a mim mesma que não voltaria a te procurar.
Prometi que seguiria em frente, que o tempo faria o que eu não consegui fazer.
Mas o tempo só ampliou o espaço que você ocupa em mim.
Às vezes penso em não te manter londe, mas logo vem o medo.
Não medo de você — medo do que isso pode significar.
Você tem uma vida, uma história que ainda te puxa pa