A manhã amanheceu cinza, e Helena acordou com o mesmo enjoo insistente.
Tentou forçar o café, mas o cheiro do pão a fez empurrar a xícara para longe.
Já havia levado o filho já estava na escola, e o marido passara a noite fora — como vinha acontecendo com frequência.
A solidão da cozinha pareceu amplificar o som da colher batendo na porcelana.
Respirou fundo.
Olhou o relógio.
E decidiu.
Pegou a bolsa, as chaves e saiu sem pensar muito.
O corpo sabia o caminho, mesmo que a mente gritasse para não ir.
No carro, o rádio tocava uma música qualquer, mas ela não ouvia nada.
As lembranças vinham em fragmentos: o estacionamento, o toque das mãos, o cheiro dele, o som abafado da respiração no silêncio do carro.
Quando estacionou diante da farmácia, ficou por alguns segundos encarando a fachada.
O letreiro azul, o reflexo dela no vidro.
A sensação de déjà vu a atingiu com força — como se o tempo tivesse dado uma volta cruel e a colocasse no mesmo ponto de partida de ci