Adriano passou o resto da tarde sem conseguir voltar para a sala.
Caminhava pelos corredores sem destino, sentindo o sangue pulsar nas têmporas.
As palavras de Helena ecoavam como martelos na cabeça:
“Eu só quero seguir.”
Era o tipo de frase simples que destrói devagar — sem gritos, sem drama, mas com a precisão de uma lâmina.
Ele tentou trabalhar. Abriu relatórios, respondeu e-mails, atendeu uma ligação de Artur. Mas tudo parecia ruído.
No fundo, só pensava nela — e no absurdo de vê-la partir sem ao menos uma tentativa de explicação.
Por que ela não lhe disse?
Por que o evitou?
Por que parecia tão calma enquanto ele ardia por dentro?
Ao fim do expediente, Adriano recolheu os papéis da mesa, desligou o computador e saiu sem se despedir de ninguém.
Precisava de ar. Precisava entender.
No estacionamento, ficou dentro do carro por longos minutos, olhando o painel sem enxergar nada.
Pensou em ligar para Helena. Escreveu a mensagem, apagou, reescreveu.
Mas o que poderia dizer