Foi numa quarta-feira cinzenta, já perto do fim do expediente, que recebeu a mensagem inesperada de Mariana.
"Helena! Estava pensando em vocês. Que tal virem jantar aqui em casa no sábado? Adriano vai adorar. Acho que seria bom a gente se ver fora do trabalho."
Helena leu e releu. O coração disparou. O convite era simples, até gentil. Mas carregava uma ironia cruel: jantar na casa de Adriano, ao lado da mulher que ele havia escolhido revisitar o passado.
Passou os dedos pelo celular, indecisa. Parte dela queria recusar, inventar uma desculpa, preservar a sanidade. Mas outra parte sabia que recusar chamaria mais atenção do que aceitar. Além disso, havia uma estranha curiosidade em ver como seria estar ali, no espaço que não lhe pertencia.
Digitou devagar: “Vai ser um prazer. Me diga o horário.”
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O Jantar
Mariana sempre tinha aquele ar luminoso que preenchia o ambiente. Morena, de cabelos longos, sorriso largo e generoso, era daquelas anfitriãs que gostavam de ver todos à