Helena acordou com a luz da manhã atravessando as frestas da cortina. A cabeça pesava, não apenas pelo vinho, mas por algo muito mais profundo. Sentou-se na cama devagar, as imagens da noite anterior emergindo como ondas que não podiam ser contidas. O jantar, o riso frouxo, Mariana sorridente, Adriano em silêncio. E então… o carro parado, os olhos dele refletindo os dela, o beijo.
Passou as mãos pelo rosto, como se pudesse apagar o gosto que ainda parecia estar em seus lábios. Foi o vinho, tentou convencer-se. Eu não faria isso em sã consciência. Mas uma parte dela sabia que não era apenas isso. O álcool talvez tivesse dado coragem, mas o desejo estava lá, vivo, latente, crescendo há meses.
Levantou-se e foi até a cozinha. Preparou café mecanicamente, os movimentos repetitivos tentando trazer normalidade ao que era impossível normalizar. O silêncio da casa pesava. O filho tinha saido com o pai naquele fim de semana, e o vazio amplificava as memórias. Helena sentou-se com a xícara e