Narrado por Léa
O apartamento cheirava a algo que eu não sentia havia muito tempo: comida de verdade. Não delivery frio, não miojo mal cozido, não café requentado. Cheiro de alho, azeite quente, massa na panela. Um cheiro que abraça antes mesmo de provar.
Por um segundo, achei que fosse ilusão. Mas não era.
Segui o rastro do aroma até a cozinha e parei na porta.
Zeus estava lá.
De mangas arregaçadas, faca na mão, cortando tomates como quem corta inimigos: rápido, preciso, sem desperdício de movimento. A água fervia no fogo, o molho já dourava numa frigideira. A cena me arrancou o fôlego.
— Você… cozinha? — minha voz saiu antes que eu pudesse segurar.
Ele ergueu os olhos, sério, mas com um brilho que eu nunca tinha visto.
— Eu faço o que precisa ser feito.
Voltei a encostar na porta, cruzando os braços, tentando esconder a surpresa.
— Nunca imaginei.
— Claro que não, — respondeu, mexendo a panela. — Você acha que eu só sei dar ordens e puxar gatilhos.
— Acha que eu estou errada? — prov