Narrado por Zeus Marino
Chamei os dois para a sala de reuniões antes do sol pensar em subir de verdade. Ares chegou com o andar de sempre — devagar, calculando o piso como se cada tábua pudesse trair um segredo. Apolo entrou depois, com a pressa amortecida de quem virou pai e aprendeu a fazer piada até nos piores momentos. Fechei a porta. A casa já fervilhava por fora; dentro dela, eu precisava de cabeça fria.
— Mensagem da filha do Don — abri, sem cerimônia, e deixei a cópia do texto sobre a mesa. — Quarenta e oito horas para casar com ela. Caso contrário, “ampliam os contratempos”.
Ares pegou o papel, leu num gesto lento e atônito. Não de surpresa — atônito por ver como uma linha escrita pode empurrar o mundo. Apolo só franziu o cenho, o que já é reação.
— Dois dias — murmurou Ares. — É provocação. Ela quer decisão imediata. É estratégia de pressão.
— Exato — respondi. — Quer me forçar a escolher entre honra e fluxo. Ela já começou a apertar as rotas. Agora é o ultimato.
Ares pousou