Narrado por Zeus Marino
A casa era silenciosa demais para o meu gosto. Não gosto de silêncio que parece esperar alguma coisa é sempre prenúncio de problema. Estava na cozinha, acendendo um cigarro, quando ouvi o barulho vindo do andar de cima.
Primeiro, um estalo seco. Depois, um chiado insistente. E então o barulho inconfundível de água caindo onde não devia.
— Merda… — murmurei.
Subi as escadas rápido. Quanto mais eu avançava, mais nítido o som ficava, como se alguém tivesse aberto todas as torneiras da casa ao mesmo tempo. Empurrei a porta do banheiro e fui recebido por uma rajada de água que parecia saída de uma cachoeira particular.
O cano atrás da pia tinha estourado. Água jorrava para todos os lados, respingando nas paredes, formando uma poça que já começava a invadir o corredor.
E no meio do caos, estava ela.
Léa, ajoelhada, tentando fechar uma válvula que obviamente não queria colaborar. O vestido já estava grudado no corpo, o cabelo caindo em mechas pesadas de tanta água.
—