Narrado por Zeus Marino
O silêncio dela dizia mais do que qualquer desculpa.
O berço improvisado continuava ali, enchendo o quarto pequeno de uma presença que engolia tudo. A claridade da manhã atravessava as frestas da cortina e riscava o rosto de Léa como se a punisse. Ela me olhava como quem encara o reflexo rachado do próprio erro. Eu não desviei os olhos.
— Até quando você achou que ia esconder de mim? — perguntei, a voz baixa, dura, cada palavra como lâmina sobre mesa.
Ela respirou fundo, e os olhos carregavam raiva e medo ao mesmo tempo.
— Eu descobri depois, Zeus. Depois. Você acha mesmo que eu queria isso? — a mão dela tremeu, apontando para o berço sem tocar. — Eu sou uma assassina. Nunca planejei um bebê quando me aproximei de você.
O jeito como ela disse “assassina” não foi confissão. Foi escudo. Repetia como desculpa para abandonar o que nasceu sem pedir.
— Então você queria me matar — retruquei, avançando um passo — mas acabou parindo meu filho. O destino tem senso de hu