Narrado por Ares Marino
A água quente escorria pelas minhas costas como se quisesse levar embora o sangue, a raiva, a guerra.
O espelho do banheiro estava coberto de vapor, e por um momento, eu me permiti olhar meu próprio reflexo. Não o Dom, não o monstro, não o algoz. Só o homem.
Ares.
Ares Marino.
O homem que matou Viktor Barinov.
O homem que agora... só queria viver.
Fechei os olhos. Lavei o rosto com calma, sem pressa. Cada movimento era quase um ritual de despedida. Despedida daquele ciclo. Despedida da vingança. Do ódio. Do peso que carreguei desde que soube que ela tinha sido vendida.
E agora?
Agora só restava ela.
Ela... e nossa filha.
Saí do chuveiro, enrolei a toalha na cintura e caminhei até o quarto. Isabella estava deitada na cama, já com Luna dormindo sobre o peito, os cílios longos como penas negras repousando contra a pele clara. Uma visão que não merecia conviver com sangue. Uma mulher feita pra amar, não pra guerrear.
Aproximei-me devagar. Toquei de leve o rosto da