Narrado por Isabella
O som dos tiros ainda ecoava dentro de mim, mesmo com o silêncio absoluto da noite. A filha de Ares dormia em meus braços, os cílios repousados em paz sobre a pele macia. Mas eu tremia. Por dentro, tudo era ruído.
Eu não sabia como não chorei no meio do ataque. Talvez por ela. Talvez por puro instinto de sobrevivência. Mas agora, no escuro, com o corpo dela encostado ao meu peito e o perfume do travesseiro me envolvendo, eu queria gritar. Chorar. Fugir. Me esconder. Tudo ao mesmo tempo.
A porta se abriu. Ares entrou. Silencioso. Como um predador que reconhece o cheiro da própria casa.
Nossos olhos se encontraram. E pela primeira vez, eu vi cansaço nele. Não físico. Emocional. Como se cada tiro tivesse atravessado um pedaço dele também.
Ele caminhou até nós e se ajoelhou ao lado da poltrona onde eu estava.
— Vocês estão bem?
Assenti.