Narrado por Zeus Marino
O inverno da Calábria era diferente do resto do mundo.
Não era apenas frio. Era pesado. O vento que soprava pelas colinas vinha sempre carregado de histórias antigas, de sangue enterrado no chão e de pactos que ninguém ousava quebrar.
Eu estava de pé, encostado na parede de pedra do salão principal da casa de Ares. O fogo da lareira queimava alto, mas não aquecia nada dentro de mim. O tempo passara um ano desde Alonso, um ano desde que queimamos seu império até virar pó, mas a guerra nunca acaba de verdade. Apenas muda de nome.
Naquela noite, porém, não estávamos ali para falar de mortos. Estávamos ali para falar de alianças. E de mim.
Ares estava sentado na ponta da mesa de carvalho, postura ereta, olhar de ferro. Ao redor, todos os rostos que importavam: Apolo, Violetta, Isabela, alguns capos de confiança. O silêncio era quase religioso, até que meu irmão mais velho finalmente falou.
Ares:
— É hora de estabilizar o que construímos. O nome Marino precisa de pa